Diretório Livre do Direito da UFSM

Encaminhamentos do pedido de reabertura da Comissão da Verdade da UFSM ao MPF

ENCAMINHAMENTOS DO PEDIDO DE REABERTURA DA COMISSÃO DA VERDADE DA UFSM AO MPF

Conforme já apontado pelo DLD, a Comissão Paulo Devanier Lauda de Memória e Verdade da UFSM foi instituída em junho de 2015, através da Portaria n.º 75.620 da Reitoria da UFSM, para o fim de apurar os acontecimentos relativos à Ditadura Militar na Universidade Federal de Santa Maria durante o período de de 1964 a 1985.

A última prorrogação da comissão foi realizada em 18 de julho de 2018, através da Portaria n.º 89.997, entretanto, os trabalhos nunca foram concluídos e o relatório final nunca foi publicado.

Após expedição de ofício do Diretório direcionado à OAB de Santa Maria, foi realizado evento no auditório da Subseção no dia 01/04 para discussão sobre os 60 anos do Golpe Militar, onde, juntamente com a Direção da Subseção e os demais advogados, professores e estudantes presentes no Auditório, assinamos Carta direcionada à Reitoria da UFSM, pedindo a emissão de novas portarias para reativação da Comissão, com publicação do relatório final (em anexo).

No dia 26/04/2024, após o vencimento do prazo concedido pelo Ministério Público Federal, a UFSM, por meio de parecer aprovado na 871ª reunião do Conselho Superior Universitário, cassou os títulos honoris causa concedidos aos Ditadores Castello Branco e Costa e Silva. Por meio de pedido realizado pelo DCE, o DLD realizou a leitura de Carta do Movimento Estudantil, redigida pelo Diretório Livre do Direito e assinada por 27 entidades de representação estudantil da UFSM, 5 DCE’s (UFSM, UFRGS, UFF, USP e UNB) e pela União Estadual dos Estudantes, requerendo tanto a cassação imediata dos títulos como a reabertura da Comissão

Após a leitura da Carta, foi votado o parecer, aprovado por unanimidade entre os Conselheiros. Vale frisar que a UFSM, até o momento, nunca realizou, através dos seus perfis e site institucional, o anúncio sobre a cassação dos títulos.

Entretanto, logo após a deliberação sobre o parecer, foi ressaltado, por alguns conselheiros também pontuava que a Carta apontava necessidade de reativação da Comissão da Verdade, ante a inexistência de relatório publicado, porém. A Vice-Reitora da UFSM, Martha Adaime, realizou fala, afirmando que a Comissão teria sido inconclusiva, ante a não localização da documentação (mesmo existindo relatos testemunhais de inquirições realizadas pela Comissão), motivo pelo qual nunca houve relatório publicado e a comissão foi encerrada sem conclusão.
Até o presente momento, a UFSM em nada se manifestou sobre a possibilidade de reabertura da Comissão, nem se demonstra disposta a dar continuidade a ações de memória e verdade, considerando que nem sequer realizou publicação oficial sobre a cassação dos títulos honoris causa concedidos aos ditadores, demonstrando descaso com a própria história da instituição.

Assim, foi protocolada, pelo DLD, manifestação junto ao MPF, para apurar a omissão da UFSM em reativar os trabalhos da Comissão, com a designação de nova portaria e publicação de relatório final, bem como no ato de ignorar, deliberadamente, ações de memória e verdade no âmbito da instituição, como, por exemplo, divulgar abertamente a cassação dos títulos honoris causa realizada.

A manifestação foi recebida pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, que a apensou a procedimento antigo, protocolado pelo Comitê de Memória e Verdade de Santa Maria, que deu origem ao que viria a se tornar a comissão.

Para nossa surpresa, descobrimos que, em março deste ano, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão entendeu por NÃO homologar o arquivamento e determinar a “REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS E PARA QUE SEJAM TOMADAS AS MEDIDAS EXTRAJUDICIAIS E/OU JUDICIAIS PARA REABERTURA DA COMISSÃO DA VERDADE DA UFSM E PARA QUE SEJAM RETOMADAS ASBUSCAS POR DOCUMENTOS FALTANTES”.

Divulgamos as referidas informações, com o intuito de viabilizar que a pauta seja continuada pelas próximas Gestões do DLD e do movimento estudantil da UFSM, aos moldes de movimento realizado na maior parte das universidades do país que foram afetadas pela Ditadura Militar.

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